Conduzo no sentido inverso.
Tento concentrar-me na estrada e ao mesmo tempo as últimas 24h ocupam todo o meu cérebro focando a minha atenção para o estranho que se aproximou, sentou, meteu conversa.
Não me recordo que perguntas fez ou se fui eu que fiz ou se terei sido eu a dar inicio à tal conversa que tanto odeio e eis que me vejo no mesmo papel dos que aponto a dedo, feliz e inocente das perguntinhas curiosas.
Recta, o caminho até casa é escuro porque fiquei até às últimas e tive me impor a mim próprio a cumprir o que havia dito ao estranho. Parto amanhã. Hoje. Quando tinha pensado fazê-lo ontem se ele não se tivesse sentado na minha mesa.
Engano as horas do estomago e nem sequer paro para um café, uma água, faço o regresso a seco no rebobinar das horas ao contrário e levo a mão ao telemóvel à procura de recados de um estranho.
Estaciono.
O coração acelerado não liga a chaves fora da ignição.