domingo, 29 de novembro de 2015

incandescente


É cedo e não tenho sono apesar de não ter dormido.
O dia está a prestes a nascer.
Tal como uma resistência que se incandesce depois do fio ligado à corrente, assim me contive até beber o primeiro shot, os seguintes perderam o número, o meu corpo iluminou-se até ao cérebro receber uma claridade que me permitiu ver tudo, até de olhos fechados as dimensões de quanto estava à distância das minhas mãos surgiam nítidas, palpáveis, evitáveis quando as arestas poderiam rasgar a carne do meu tronco.
Senti tudo.
Deixei que me tocassem para eu próprio sentir e admirar-me desse sentir.
As bocas foram passando pela minha lavando o álcool amargo das lembranças dos últimos dias e uma só vez recordei o nome dele, em memória dele, por ele, tal como ele, por que não ele? Ele faría o que fiz esta noite, a incandescência dos sentidos.
É cedo e dói-me o corpo, a alma, o dia queima-me até me sentir carvão.
Chove muito e as lágrimas confundem-me.
 
 

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